quinta-feira, 23 de outubro de 2008

ASHLEY, A. P. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo: Saraiva, 2005.








ASHLEY, A. P. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo: Saraiva, 2005.


RESENHA CAPÍTULOS 12 a 14(pág. 245 a 303)

Supermercados na reorientação de práticas de produção, comércio e consumo de alimentos.
A partir da aplicação do modelo MRMRSN, apresentado anteriormente, foi construída uma metodologia para investigar o grau de receptividade e intencionalidade quanto à efetivação de princípios de responsabilidade social pertinentes ao comércio ético de alimentos. Foram desenvolvidos 49 indicadores. Identificou-se a receptividade da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro - ASSERJ e da Associação Brasileira de Supermercados - ABRAS à elaboração de ações coletivas do segmento de supermercado, a serem desenvolvidas com vistas à educação dos fornecedores e demandantes de alimentos, elevando a rede de produção, distribuição e comércio a novos patamares éticos no comércio de alimentos. Quanto às organizações da esfera estatal, identificou-se que estas também poderiam, por meio de critérios nas licitações, avaliar as condições ambientais e sociais em que são produzidos e comercializados os produtos que adquirem.
No mundo globalizado é crescente a preocupação com o processo de desenvolvimento e com os problemas sociais advindos do sistema de mercado. É sabido que o desenvolvimento tecnológico não tem correspondido em avanço equivalente em termos morais, políticos e sociais. Percebe-se uma modificação de valores e ações pessoais, que se refletem nas organizações públicas e privadas que passaram a repensar sua relação com o ambiente, assumindo seu papel cidadão.
Para o Banco Mundial, governança é “a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos econômicos e sociais tendo em vista o desenvolvimento”. Implica também no exercício do accountability, que é determinado pela qualidade das relações entre governo e cidadão.
A economia é uma rede de relações entre classes de gestores e proprietários. Neste contexto surgem os bancos centrais(BCs), que são bem recentes e surgiram nos países industrializados no final do século XIX e início de século XX. O objetivo principal dos BCs é de zelar pela estabilidade da moeda, mantendo o seu poder de compra.
A responsabilidade social dos BCs é grande, e o fracasso em seu cumprimento pode ser altamente prejudicial para a população em geral. A ética é um dos seus pressupostos e o seu compromisso maior é com a sociedade. Hoje, internamente, é clara a noção de que o banco central trabalha em única e primeira instância para a sociedade. Contudo, este processo encontra-se em uma fase inicial e lenta que demandará um esforço de aprendizagem e adaptações da organização. Como autoridade econômica, deveria reunir membros da sociedade para discutir a responsabilidade social, sendo proativo e se aproximando, cada vez mais, de uma verdadeira organização pública cidadã.
Ética, política e administração-entre a democracia e a eficiência: Para muitos, é no âmbito das cidades que a política e a gestão encontram suas maiores possibilidades e dilemas, pelo avanço dos processos democráticos e pela visibilidade imediata das ações da administração municipal. Emerge, então, a idéia da existência de um administrador de cidades. Dois atores sociais e políticos: o prefeito e o administrador de cidades; o comando político e o comando cotidiano da máquina estatal.
Para Dahl, a democracia não é um fenômeno natural, mas sim fruto de trajetórias ou construções históricas.
Para Chanlat, gestão é política e política é gestão. As organizações, tanto públicas quanto privadas, estabelecem normas de conduta interna. Pagès et al apud, Ashley (2005)¹, aponta com clareza a semelhança entre os códigos de conduta criados dentro das organizações e os padrões de comportamento determinados pela religião.
Na reflexão sobre ética identifica-se a ética das convicções e a ética das responsabilidades, presentes no pensamento gerencial.
Apresenta a inferência de autores como Weber, Fonseca, Kurz, Piore e outros sobre moral e ética no desenvolvimento do capitalismo.
Com as democracias modernas, uma nova racionalidade no exercício do governo do Estado se instaura, ao introduzir o conceito de indivíduo.
Em conclusão, a autora coloca que é da conjunção entre administração e política que se abrem perspectivas de ampliação da democracia na sociedade moderna, exigindo da administração pública a redescoberta de novos caminhos e o mesmo ocorre no contexto da responsabilidade social das organizações. Apresentam-se desafios às organizações empresariais, como a democracia organizacional, a transparência nos processos de gestão econômica, social e ambiental e a boa governança nas relações negócio-sociedade.

¹ PAGÉS, M. et al. O poder das organizações. São Paulo: Atlas, 1996.

Acordo sobre norma social está próximo

Implementação das regras de responsabilidade social nas organizações deve ser aprovada por países em setembro, no Chile - Norma deverá ser tornar a principal referência mundial de responsabilidade social para empresas, governos e organizações da sociedade

ANDRÉ PALHANO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Folha de São Paulo - São Paulo, 29 de julho de 2008

RESUMO:

A implementação da ISO 26000, prevista para 2010, está próxima de um passo decisivo: a aprovação de seu conteúdo final, que pode acontecer na reunião que será realizada entre 1º e 5 de setembro em Santiago, no Chile. Tanto pela representatividade global que adquiriu (são mais de 300 especialistas de 77 países) como pela força da ISO -International Organization for Standardization nas padronizações internacionais, a norma que busca afinar as definições de responsabilidade social e orientar a aplicação desses conceitos nas organizações já nasce com potencial para se tornar a principal referência mundial de responsabilidade social para empresas, governos e organizações da sociedade civil, embora seja apenas uma diretriz, uma orientação da responsabilidade social para as organizações, mas sem nenhum selo de certificação a ser conquistado. Existem pontos ainda polêmicos como, por exemplo, até onde a empresa tem responsabilidade de garantir que seus fornecedores não agridem o ambiente ou respeitam as leis trabalhistas e, ainda, como serão tratadas na norma as demais iniciativas e práticas de responsabilidade social que já existem e já são aplicadas nas organizações, como o Pacto Global, a AA 1000, a GRI (Global Report Initiative), entre outras, que querem estar respaldadas pela ISO 26000. Por enquanto, decidiu-se que apenas as Declarações da OIT e dos Direitos Humanos, da ONU terão esse respaldo formal. As demais práticas serão tratadas na norma em anexos separados.

ANÁLISE CRÍTICA:

A implementação da ISO 26000 vem ao encontro com as colocações do autor. Ele cita necessidade da redescoberta de novos caminhos no contexto da responsabilidade social das organizações, que têm como desafios a democracia organizacional, a transparência nos processos de gestão econômica, social e ambiental e a boa governança nas relações negócio-sociedade. O setor social é extremamente complexo em todo o mundo, com agentes totalmente diferentes, razão pela qual a união da ética com a responsabilidade social se faz necessária. Iniciativas como estas de implementação da ISO 26000 são fundamentais para que a sociedade caminhe em direção à inclusão social, melhoria das relações com o meio ambiente e alcance do desenvolvimento sustentável.


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